sábado, 19 de março de 2011

NFL's Chronicles #3 - Baltimore Ravens


Sábado é dia de NFL’s Chronicles e hoje contaremos a história de mais um time, o Baltimore Ravens. A história deles tem tudo a ver com o Cleveland Browns... quer dizer, eles foram o Cleveland Brows. Não entendeu? Então continue a leitura.


Para explicar essa confusão, vamos voltar para 1973. Art Modell, dono do Cleveland Browns, se ofereceu para tomar conta do estádio da cidade, o Cleveland Stadium. Sua nova empresa, a Stadium Corporation, investiu em diversas melhorias como novos placares eletrônicos e novos camarotes.

Contudo, ele se recusava a partilhar o lucro do camarote com o Cleveland Indians (time de baseball que também jogava no estádio), mesmo com grande parte da receita desses lugares vindo do outro esporte.

Com o tempo, os Indians convenceram os governantes da cidade a construir seu próprio estádio. Modell, acreditando que suas receitas não tinham ligação com o baseball, se recusou a fazer parte do projeto que daria origem ao Gateway Sports and Entertainment Complex, fundado em 1994. Lá foi construído o Jacobs Field, para os Indians, e a Gund Arena, para o Cleveland Cavaliers (time da NBA).

Assim que os Indians mudaram de casa, as rendas caíram drasticamente. Vendo o lucro que perdeu, ele pediu para o governo US$ 175 milhões (cerca de R$ 292 milhões) para fazer melhorias em seu velho estádio.

Porém, ele nem esperou o resultado de seu pedido sair e, em 5 de novembro de 1995, anunciou que levaria a franquia para Baltimore no ano seguinte. Foi então que começaram os problemas.

Os torcedores revoltados começaram a se manifestar e Modell recebeu mais de 100 processos, sendo um deles até da cidade de Cleveland. O protesto mais interessante aconteceu em Pittsburgh, em uma partida contra os Steelers.

Pittsburgh Steelers e Cleveland Browns têm uma rivalidade histórica e, com medo de perder seu principal adversário, os fãs das duas franquias se uniram e torcedores dos Steelers foram vistos com pulseiras laranja (cor dos browns). Cartazes contra Modell foi o que mais se viu no estádio, sendo que o melhor deles dizia "Como nós podemos odiar Cleveland sem os Browns?".

Moral da história: a cidade de Cleveland ganhou o direito de ficar com o nome "Browns" e toda a sua história, enquanto Art Modell pôde ficar com os jogadores e os técnicos. Ao chegar em Baltimore, ele começou o Baltimore Ravens.

O nome é uma homenagem a um poema do escritor Edgar Allan Poe, que está enterrado na cidade, chamado ‘The Raven (o corvo)’.

Em 1996, seu primeiro Draft, os Ravens tiveram duas escolhas na primeira rodada, e não poderiam ter escolhido melhor. A primeira foi Jonathan Ogden e a segunda Ray Lewis. Mais tarde, eles virariam os grandes nomes da franquia.

Os primeiro anos foram péssimos. Apesar de ter vencido seu jogo de estréia, contra o Oakland Raiders, o time terminou sua primeira temporada com quatro vitórias e doze derrotas. A segunda, com 6-9 e a terceira com 6-10. Porém, em 1998, marcou um fato histórico: vitória sobre o Indianapolis Colts por 38-31.

Foi histórico, pois os Colts voltaram naquele dia para a cidade que abandonaram 15 anos antes. Com isso, os Ravens ganharam de vez o coração de Baltimore.

Primeiro logo do Baltimore Ravens

Nesse mesmo ano, eles trocaram de distintivo, adotando a cabeça de um corvo. A mudança aconteceu porque o time foi processado por Frederick E. Bouchat, um artista amador. Ele não ganhou crédito pelo design do logo e a justiça ordenou que Modell trocasse de emblema. Os fãs votaram, e o corvo venceu.

Com o símbolo novo, 99 já foi melhor, mas tudo mudou em 2000. E mudou muito! Com dificuldades financeiras, Modell vendeu 49% da franquia para Steve Bisciotti (em 2004 ele comprou os 51% de Modell e ficou com a franquia). Ele não perdeu tempo e contratou o defensive coordinator Marvin Lewis, que transformou a defesa em uma parede.

Com ele no comando e Ray Lewis em campo, a equipe chegou a uma marca história, cedendo apenas 165 pontos na temporada. Com isso, ela pulverizou o antigo recorde que pertencia ao Chicago Bears de 1986, que cederam 187 pontos.

Graças à defesa, os Ravens chegaram aos playoffs pela primeira vez em sua história. Com um ataque mediano e uma defesa sólida eles foram destruindo cada um de seus adversários, até chegarem ao Super Bowl XXXV, contra o New York Giants. Na grande final, eles não deram à mínima chance, e venceram por 34-7.

Desde então, o time tem sido presença frequente nos playoffs, sempre com a defesa como principal arma. Com os Ravens, o ditado "ataques ganham jogos; defesas ganham campeonatos" nunca fez tanto sentido.

Curiosidades

- Dois dias após anunciar que sairia de Cleveland, a cidade liberou a verba para a reconstrução do estádio;

- O corvo do símbolo chama "Poe", mais uma homenagem a Edgar Allan Poe;

- O time tem dois corvos de verdade como mascotes: Rise (ascensão) e Conquer (conquistador);

- O time esteve sete vezes nos playoffs: 2000, 2001, 2003, 2006, 2008, 2009, 2010.

Abaixo, veja alguns lances da poderosa defesa do Baltimore Ravens:



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Um comentário:

  1. Muito obrigado pelo artigo, sou fã dos Ravens e seu texto ficou sensacional!
    Parabéns.

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