As posições

Conheça o nome e funções dos jogadores de futebol americano.


Olhando para o passado, é difícil acreditar que Walter Camp, o “pai do futebol americano”, imaginasse até onde o esporte chegaria. Não restou quase nada da pancadaria pura dos primórdios, no século 19. Hoje, o futebol americano vive uma era de glória, em que a inteligência e a velocidade levam vantagem sobre qualquer outro fator físico.

Como num tabuleiro de xadrez, cada jogador tem um papel a cumprir. Entender o posicionamento dos atletas em campo, assim como as formações de ataque e defesa é o primeiro passo para dominar o jogo.


O ATAQUE

Os jogadores de ataque são os mais conhecidos. São eles que normalmente anotam os touchdowns.

Por regra, todas as formações de ataque têm que ter sete jogadores posicionados na linha de scrimmage. Têm-se dois jogadores no fim da linha (que podem ser um Tight End ou um Wide Receiver) e outros jogadores atrás da linha de scrimmage que não podem ficar na mesma e são considerados “posições de habilidade". Os cinco jogadores no centro da linha que não podem receber lançamentos e são considerados parte da “Linha Ofensiva” (composta por um Center, dois Guards e dois Tackles).

Confira as posições:


Quarterback (lançador) – QB

Camisa: 1-19
Em campo: 1

O quarterback (QB) é a posição mais famosa do futebol americano. Se comparássemos com o nosso futebol, ele seria o camisa 10, ou seja, o grande responsável por criar as jogadas de ataque, o cérebro do time. Se ele não estiver em um dia bom, a equipe corre sérios ricos de ir mal.

Quase sempre a jogada começa nas mãos do QB, que tem dois alvos preferidos: o running back, quando quiser fazer uma jogada por terra; e os recebedores (o wide receiver e o tight end), quando quiser fazer um passe pelo alto.

Ele funciona também como o porta-voz do técnico em campo, ouvindo dele todas as instruções antes de cada jogada graças a um ponto eletrônico em seu capacete, passando para seus companheiros a estratégia a ser utilizada durante o huddle, que é a reunião rápida dos jogadores.

Depois disso, cabe a ele posicionar corretamente seus companheiros e, caso seja necessário, mudar a jogada combinada para um plano “B”, por conta do posicionamento da defesa.

Talvez, essa seja a marca mais importante de um grande QB: “ler” a defesa adversária. O primeiro passo é descobrir se a cobertura é homem a homem ou por zona. Normalmente, a leitura é feita no posicionamento dos safeties e dos cornerbacks (leia mais abaixo). Se os CB marcam seus wide receivers pelo lado externo do campo, trata-se normalmente de uma “defesa em zona”. Quando assumem a posição interna, tendem a marcar "mano-a-mano".


Já os safeties são os jogadores que mais “atrapalham” o quarterback, pois são eles que normalmente interceptam seus passes. Por isso, cabe ao QB saber exatamente onde eles estão posicionados e então decidir para qual jogador lançará, pois uma leitura errada pode gerar um passe interceptado.

Só para se ter uma noção de quão importante é a posição: O Super Bowl viu 24 quaterbacks serem eleitos MVP's (Most Valuable Player) em 45 edições, a posição que teve mais teve jogadores eleitos.


Wide Receiver (recebedor) – WR

Camisa: 80-89 (excepcionalmente 10-19)
Em campo: de 0 a 5, conforme a jogada

O wide receiver (WR) tem uma função simples e, ao mesmo tempo, complicada: penetrar no campo adversário para receber o passe do quarterback. Uma vez com a bola, ele tem que usar de sua velocidade para conseguir o máximo possível de jardas.

Antes de começar uma jogada, o WR combina com o QB uma rota, que ele deverá seguir para que o lançador possa jogar a bola em suas mãos. Os grandes jogadores dessa posição têm em comum velocidade, explosão muscular e impulsão.

Existem dois tipos básicos de wide receivers. Os speed receivers, que também são conhecidos como deep threat, são os mais velozes e fazem deslocamentos em profundidade, para receber passes longos.

Já os possession receivers são aqueles capazes de fazer recepções difíceis, correndo pela rota planejada pelo meio do campo e, geralmente, são usados para conseguir uma terceira decida (3º down).


Running Back (corredor) – RB

Camisa: 20-49
Em campo: de 0 a 2, conforme a jogada

Usado normalmente em jogadas terrestres, o running back (RB) recebe a bola das mãos do QB. Com ela, tem que correr pelo campo, procurando buracos na defesa adversária para conseguir o máximo de jardas possível.

Jogadores dessa posição tendem a ser pequenos, mas extremamente velozes e ágeis. Por isso, a maioria deles evita o contato com o adversário, usando de sua rapidez para desviar deles. Porém, também existem alguns que preferem a trombada, e chegam a bater de frente com rival.

Eles podem ser utilizados em jogadas rápidas, que envolvem um lançamento curto, assim como proteger o QB quando não forem utilizados na jogada. Na história do Super Bowl, essa é a segunda posição que mais teve MVP’s, com sete.


Fullback – FB

Camisa: 20-49
Em campo: 1

O papel principal de um fullback é abrir caminho para o running back, tirando da frente dele qualquer adversário que possa surgir. Por isso, um FB é muito forte e mais pesado que um RB. No começo da jogada, ele se posiciona entre o QB e o RB. Porém, nem sempre foi assim.

Há cerca de 20, 25 anos atrás, o FB tinha como principal função carregar a bola, funcionando como um RB. Mas com o passar do tempo, a posição evoluiu (alguns dizem que desevoluiu) e nos últimos anos ele passou a ser usado apenas em situações em que o ataque precisa de poucas jardas, correndo com a bola para furar a defesa adversária. Em algumas jogadas de passe, o FB nem fica em campo.

Graças a seu tamanho e força, também é comum ver um FB ajudar na proteção do QB.


Tight end – TE

Camisa: 80-89 (excepcionalmente 40-49)
Em campo: 0 a 2, conforme a jogada

O tight end funciona como um coringa do ataque. Esse jogador mistura características de um offensive lineman e um wide receiver. Pode tanto bloquear, ajudando o running back ou o quarterback, quando estes estão com a bola; como receber passes curtos.

Normalmente, esse tipo de jogador é grande o suficiente para aguentar tackes, porém é bastante ágil para conseguir receber passes (alguns jogadores dessa posição chegam a liderar as estatísticas de recepções de seus times).

Normalmente, um TE alinha-se entre o wide receiver e um offensive tackle. O lado do campo em que o TE está alinhado é conhecido como strong side (lado forte) e, consequentemente, o lado oposto a ele é conhecido como weak side (lado fraco).

O TE pode exercer a mesma função de um fullback.


Offensive Linemen (linha ofensiva ou linha de bloqueadores)

A linha de bloqueadores é formada por dois tackles, dois guards e um center. Mas jogadas aéreas, fornecem proteção ao QB. Precisam garantir pelo menos três segundos para que o lançador possa achar seus alvos. Nas jogadas por terra, tentam abrir “buracos” na defesa na adversária, para que o RB tenha por onde avançar. Pela regra, são “inelegíveis”. Isto significa que nenhum jogador da linha ofensiva pode receber passes. As posições específicas são:


Center – C

Camisa: 50-69
Em campo: 1

O center é quem dá início à jogada, passando a bola por baixo de suas pernas para o QB, logo atrás dele. Esse movimento se chama snap. Ele se posiciona no meio da linha de bloqueadores e, além de ótimo bloqueador, deve ser rápido. Isso porque no exato instante em que coloca a bola em jogo, já começa a sofrer pressão dos defensores adversários que querem chegar ao lançador. Por isso, o center é conhecido como “o melhor amigo de um quarterback”.

Nas jogadas aéreas, o trabalho de um center é prover apoio para seus companheiros de linha e cuidar de qualquer defensor adversário sem marcação. Nas jogadas de corrida, ele ajuda a abrir os chamados “buracos” na defesa adversária, para que os RB tenham por onde passar.


Offensive Guard – OG (LG para o jogador da esquerda e RG para o da diretia)

Camisa: 50-79
Em campo: 2

O Offensive Guard é um jogador que se posiciona entre o center e os tackles na linha ofensiva, sendo deles a responsabilidade de tudo que acontece no miolo dessa linha.

Seu papel é proteger o quarterback dos defensive tackles adversários e, principalmente, do linebacker, que é a principal ameaça ao QB.

Além disso, quando o QB escolhe por uma jogada terrestre, são eles os responsáveis por criar os famosos buracos, abrindo caminho para os runnings backs correrrem pelo campo.

Os OG's não podem receber nenhum passe, então eles não podem pegar a bola mesmo se o QB lançar na direção deles. A única maneira deles realizarem um touchdown é durante um fumble.

Obs.: Na verdade, um OG pode fazer um touchdown, porém é raro, mas tão raro, que aconteceu apenas uma vez na história. Foi no The Monday Night Miracle, em 2000, jogo entre Miami Dolphins e New York Jets. O jogo estava no último quarto, 37-30 para os Dolphins, quando em uma segunda para o goal, o QB Testaverde lança para o OG Jumbo Ellior marcar o TD com 0:42 para o final da partida, levando os Jets à prorrogação. Para isso, o OG tem de ser o jogador mais próximo do final do campo. Antes da jogada, é preciso avisar o árbitro que ela será realizada.


Offensive Tackle – OT (LT para o jogador da esquerda e RT para o da diretia)

Camisa: 50-79
Em campo: 2

Os tackles são dois jogadores que ficam ao lado dos guards, cuidando cada um de uma extremidade da linha. Seu trabalho nas jogadas aéreas é proteger o QB, normalmente bloqueando o defensive end adversário.

Nos times com QB’s destros, o jogador mais importante da linha é o left tackle. Isso porque, durante o movimento feito para lançar a bola, o quarterback vira o corpo para a direita, perdendo o campo de visão à esquerda – o chamado blind side (lado cego). Assim, não consegue perceber a aproximação de um adversário, dependendo totalmente do left tackle para a sua proteção naquela lado.

Eventualmente, um jogador de linha ofensiva pode receber um passe. Mas, pela regra, terá de se alinhar de forma a não haver ninguém do seu time entre ele e a lateral de campo, além de avisar o juiz principal antes da jogada. O time também deverá obedecer a regra que exige sete jogadores na linha de scrimmage.

É uma situação raríssima, mas que já decidiu partidas, como no jogo conhecido como “Monday Night Miracle”, em 23 de outubro de 2000. O OT Jumbo Eliott recebeu um passe e marcou um touchdown para o New York Jets nos últimos minutos, empatando a partida contra o Miami Dolphins em 37 a 37. Na prorrogação, o time de Nova York venceu por 40 a 37.


A DEFESA

Um ditado popular entre os fãs de futebol americano diz que “um bom ataque ganha jogos, uma boa defesa vence campeonatos”. Isso resume a seriedade que esse setor do time é tratado. Nesse esporte, os defensores podem ser tão valorizados e famosos quanto os atacantes.

Confira as posições de defesa:


Defensive Linemen (linha defensiva)

OS defensive linemen formam a primeira linha de combate da defesa. Seu papel é o de “caçar” quem estiver com a bola nos primeiros momentos da jogada, seja o QB, seja o RB adversário.

A glória de um jogador de linha defensiva é derrubar o quarterback antes que ele passe a bola, fazendo um sack.

Nas jogadas de corrida, o objetivo é parar o corredor antes da linha de scrimmage, fazendo assim com que o ataque perca jardas.

Os DL dividem-se em duas funções: defensive ends (DE) e defensive tackles (DT).


Defensive End – DE

Camisa: 60-69 e 90-99
Em campo: 2

São os dois jogadores posicionados ao lado externo da linha. Normalmente, um DE é combatido por OT.








Defensive Tackle – DT

Camisa: 60-69 e 90-99
Em campo: 1 ou 2 conforme sistema defensivo adotado

Pode haver um ou dois, conforme o sistema defensivo adotado pelo head coach. Quando há apenas um, ele é chamado de nose tackle. O defensive tackle fica no miolo da linha defensiva. Está entre os jogadores mais pesados do esporte.









Linebacker – LB

Camisa: 50-59 e 90-99
Em campo: 3 ou 4 conforme sistema defensivo adotado

Os linebackers formam a segunda linha de defesa de uma equipe. Posicionados imediatamente atrás dos defensive linemen, são responsáveis tanto por parar as corridas do adversário, caso o RB tenha conseguido passar pelo linha de defesa, quanto por fazer a cobertura em caso de passes curtos no meio do campo.

Além disso, os LB podem fazer a chamada blitz – um ataque direto ao QB, buscando um sack.

O cérebro da defesa é sempre o LB. É ele que fica com o ponto eletrônico no capacete para ouvir instruções do head coach e repassar aos companheiros.

É uma posição onde não só a força faz a diferença, mas também a velocidade – física e mental. Isso porque um LB enfrenta RB’s, TE’s, DL, QB (no caso de blitz)... Quase todas as posições do ataque.


Defensive Backs (secundária)

Também conhecidos como a secundária de uma defesa, os defensive backs são os jogadores incumbidos de proteger a retaguarda de campo. Dividem-se em cornerbacks e safeties. Seu número em campo varia conforme a jogada escolhida pelo coordenador de defesa.


Cornerback – CB

Camisa: 20-49
Em campo: 2 a 5 conforme sistema defensivo adotado

Leve rápido e ágil, o CB tem a tarefa de marcar os WR’s adversários, impedindo que estes façam recepções de passes.

Existem várias formas de conseguir isso. A mais gloriosa é a interceptação, que ocorre quando o próprio CB segura a bola destinada ao atacante. Nesse caso, sua equipe ganha a posse e passa a atacar.

Outra forma de impedir o WR adversário receba um passe é simplesmente desviar a bola.

Caso não consiga interceptar e nem desviar a bola e ela acabe nas mãos do recebedor inimigo, cabe ao cornerback evitar então que o adversário avance, usando para isso o tackle.

Pela regra, o CB dó pode tocar (empurrar ou bloquear) o recebedor adversário nas primeiras cinco jardas após a linha de scrimmage. Uma vez que o “inimigo” tenha transposto essa distância, o CB só poderá empurrá-lo ou agarrá-lo de novo quando aquele fizer contato com a bola. Caso contrário, a defesa será penalizada com uma falta (contato ilegal ou interferência no passe).

O número de corners em campo pode variar de acordo com o número de recebedores do time adversário. Normalmente, são dois em campo. Quando um terceiro entra, ele é chamado de nickelback. E quando um quarto aparece em campo, seu nome é dimeback.

A defesa conhecida como nickel, portanto, é aquela que tem cinco jogadores na secundária (três cornerbacks e dois safeties). Já a defesa apelidada de dime é a que tem sei jogadores na secundária (quatro cornerbacks e dois safeties).

No início de uma jogada, o cornerback se alinha de frente para o recebedor, que marcará a poucas jardas de distância. Normalmente, conforme o lance se inicia, ele recua, acompanhando o avança do wide receiver adversário, para tentar desviar ou interceptar um passe a ele destinado.

Mas nem sempre é assim. Uma técnica difícil – porém muito eficiente quando aplicada – é o bump’n run. Isso significa o cornerback mover-se para frente no começo da jogada (em vez de ir para trás), de forma a dar um encontram no recebedor adversário ainda perto da linha de scrimmage. O objetivo é atrasar o wide receiver adversário em sua rota pré-definida , provocando uma falta de sincronia entre ele e seu quarterback e, desta forma, reduzir as chances de uma recepção.

No entanto, o bump’n run é uma técnica arrisicada. Se levar um drible do recebedor adversário, o CB ficará irremediavelmente longe dele, permitindo assim uma recepção fácil e a eventual continuação da jogada até um touchdown.


Safeties

Como o próprio nome sugere (safety significa “segurança”), os safeties são um recurso de segurança. Ou seja, a última linha de defesa da equipe cujo objetivo é barrar um adversário que tenha escapado de todos os outros defensores. No início da jogada, alinham-se bem afastados da bola, entre 10 e 20 jardas. Por serem uma espécie de “curinga”, os safeties precisam ter atributos atléticos mistos. Isto significa muita força, mas sem perder em agilidade e rapidez – coisa difícil de conseguir.

Em campo, normalmente há dois tipos distintos:


Strong Safety – SS

Camisa: 20-49
Em campo: 1

É o safety que se posiciona um pouco mais próximo a linha. Sua prioridade é parar o corredor adversário, caso ele consiga ultrapassar os defensive linemen e os linebackers. Caso a jogada seja aérea, o strong safety dá apoio a um dos cornerbacks.

Graças a sua visão em campo, o strong safety pode ler o posicionamento do ataque e ajudar a instruir seus companheiros em campo nos instantes que antecedem uma jogada. Em algumas equipes, os safeties chegam a dividir com o linebacker a função de líder da defesa.

Free Safety – FS

Camisa: 20-49
Em campo: 1

É o jogador mais afastado da bola em campo. Sua principal função é dar cobertura para um dos cornerbacks, normalmente, aquele que estiver marcando o melhor wide receiver adversário.

Caso a jogada seja terrestre, ele avança para tentar parar o RB adversário.

Uma estratégia de defesa muito comum atualmente é a cover two. Nela, tanto o free safety quanto o strong safety alinham-se de modo não convencional. Eles dividem o campo defensivo em dois, com um deles cobrindo o lado esquerdo e outro tomando conta do direito. De uma jogada para outra, podem trocar de lado, pois strong safety quase sempre se posicionará na metade em que estiver o tight end adversário.


Especialistas

A importância do time de especialistas é gigantesca. Mesmo que passem a maior parte do tempo fora de campo, uma vez dentro, sua participação é fundamental de duas maneiras: troca de posse de bola, quando falamos dos punts e kickoffs e na marcação de pontos, nos field goals e pontos extras.


Long Snapper – LS

Camisa: indefinido
Em campo: 1

O long snapper é o responsável por iniciar uma jogada de chute, passando a bola para trás, por baixo de suas pernas, em direção ao holder (em caso de chute de pontuação) ou ao punter (em caso de chute de devolução).

É uma tarefa mais difícil do que parece, já que o LS deve acertar o passe exatamente nas mãos de um jogador para o qual não está olhando e que está posicionado 7 jardas atrás (no caso de um chute de ponto extra ou fiel goal) ou até 15 jardas recuado (no caso de um punt).

Esta é certamente a posição de menos glamour do futebol americano. Quase nunca o nome do long snapper é lembrado, exceto nos casos em que ele comete um erro.


Holder – H

Camisa: indefinido
Em campo: 1

Seu trabalho é receber a bola e apoiá-la de pé contra o solo para que o kicker a chute.

Por ter um papel muito pequeno, não existe um jogador especialista na posição. Normalmente, o QB reserva assume a tarefa. Há uma razão para isso: se algo der errado no snap e o kicker não puder chutar, o holder pode tentar lançá-la para alguém. Além disso, torna-se possível executar as chamadas tricky plays (jogadas surpresas), em que apenas finge-se um chute para, na verdade, tentar um passe.

Place Kicker ou Kicker (chutador) – PK ou K

Camisa: 1-19
Em campo: 1

O kicker é o responsável pelo kickoff (chute de inicio ou reinício de partida), ponto extra (chute após um TD, que vale um ponto se passar pelas traves), e pelo field goal (chute que vale três pontos se passar entre as traves). Ele entra em campo apenas para essas três tarefas. O ápice da carreira de um kicker é poder chutar o fiel goal da vitória.

O termo field goal range é muito comum no futebol americano. Ele indica a distância máxima em que existe chance real de um kicker acertar seu chute. Essa distância, obviamente, varia de chutador para chutador, mas, em média, é de 50 jardas. Mas é preciso lembrar que as traves ficam no fundo da endzone (a 10 jardas do fim do campo de jogo) e que, durante o procedimento padrão de chute, a bola é recuada, em média, 7 jardas do ponto onde foi iniciada a jogada. Assim, considere-se que um time está em field goal range quando ele consegue levar a bola até a linha de 33 jardas do adversário.

O futebol americano influenciou muito os kickers a partir dos anos 60. Até então, usava-se o estilo straight-ahead (para os brasileiros, é o famoso “chute de bico”). Tão logo a bola era apoiada no chão pelo holder, o chutador vinha em linha reta e acertava a bola com a ponta da chuteira. O chutador Lou “The Toe” Groza, que jogou no Cleveland Browns de 1947 a 1967 e hoje está no Hall da Fama, acertou apenas 58% dos chutes ao longo de sai carreira usando o chute de bico. Em meados dos anos 60, surgiu o soccer style, graças ao kicker Pete Gogolak, que era descendente de húngaros e fã da bola redonda. Hoje, só se usa esse modo de chutar, que se caracteriza pela corrida em diagonal, usando o peito do pé para atingir a bola – como um jogador de soccer ao cobrar uma falta. A eficiência aumentou drasticamente e, atualmente, um índice de 90% é comum.


Punter – P

Camisa: 1-19
Em campo: 1

O punter é o chutador acionado para devolução da posse de bola. Ou seja, não visam anotar pontos, mas sim colocar o adversário em uma posição de campo desconfortável ao adquirir a posse de bola. Ao contrário do kicker, que chuta com a bola apoiada no chão, o punter deve segurar a bola, soltá-la e chutá-la ainda no ar.

Algumas características denotam a habilidade de um puntar. A primeira é o chamado hang time. Esse termo refere-se ao tempo em que a bola fica no ar após ser chutada. Quanto maior ele for, melhor para o time que está chutando, pois seus jogadores poderão se aproximar mais do kick returner adversário.

Outra virtude de um bom punter é colocar a bola inside twenty. Ou seja, executar o chute de forma que a bola caia além da linha de 20 jardas do adversário e “morra” por ali, sem sair para a endzone (que causaria um touchback).

Os melhores punter costumam ser exímios na arte do coffin corner (expressão que significa, ao pé da letra, “canto do caixão”). Isto significa chutar a bola de modo que ela saia pela lateral de campo, entre a linha de 5 jardas e a endzone adversária – o que deixa o time oposto em péssima situação de campo no início de sua campanha de ataque.


Kick Returner (retornador) – KR

Camisa: indefinido
Em campo: 1-2

O retornador tem como objetivo receber a bola chutada pelo adversário em um kickoff ou punt e correr o mais rápido que puder, carregando-a para dentro do território adversário.

Normalmente, o KR é um jogador rápido e ágil, que durante a partida costuma atuar como running back, wide receiver ou até mesmo cornerback.