quarta-feira, 6 de abril de 2011

Quick Pass #8 - Papo rápido com Paulo Mancha, comentarista do Bandsports


O Play-action NFL conversou com Paulo Mancha, um dos palestrantes do AFAB Coaching Season 2011 e comentarista do BandSports. Mancha deu uma aula de história do futebol americano e conversou conosco sobre o que pensa do esporte no Brasil, de sua experiência como comentarista e se acredita em um brasileiro jogando na NFL depois de passar por um time daqui.


Como você vê o futebol americano no Brasil?
O esporte no Brasil teve um crescimento gigantesco nos últimos três anos. Eu posso até dar alguns números: há três anos, nenhuma equipe tinha equipamentos completos para jogar futebol americano da forma que ele é jogado nos EUA. Hoje, nós temos mais de 40 times. É um crescimento vertiginoso do esporte, mas que não me surpreende, pois desde 2006, quando comecei a comentar futebol americano no BandSports, vejo um retorno muito grande dos fãs do esporte. Então, existe muita gente assistindo e jogando futebol americano.

Como foi a evolução até chegar ao que é hoje?
Olha, o futebol americano já trilhou um caminho muito grande e muito importante nos últimos dez anos, principalmente nos últimos três. Porém, ainda falta muito para ele ser um esporte popular. Ainda existe um caminho muito longo para ser percorrido.

Até onde ele pode chegar?
Sendo bem realista, eu acredito que ele pode chegar a ser o quarto ou o quinto esporte mais popular do país dentro dos próximos dez anos. É difícil ultrapassar vôlei e basquete? Sim, é quase impossível, porque já são esportes que estão na cultura brasileira há décadas. Então, em dez anos acho que dá para ele ser o quarto ou o quinto. Dez anos além disso é muito tempo para a gente fazer uma previsão.

Você já vê algum time com uma estrutura acima dos outros?
Existem alguns times que estão mais bem estruturados que a maioria, mas não dá para destacar um, pois existe um time que tem uma organização mais formal fora de campo, tem outro que é um pouco mais bem treinado... Não existe ainda a uniformidade que nos permita destacar um, mas existe um grupo de oito ou nove que se destacam dos outros trinta.

Quanto tempo você leva para se preparar para uma transmissão?
A preparação para um jogo da NFL é muito grande e o tempo que eu gasto nisso é mais do que o dobro do tempo da partida. Um jogo dura três horas, três horas e meia, mais ou menos, e eu gasto, me preparando, pelo menos sete, oito horas.

O que você faz?
Eu faço duas grandes planilhas, uma para cada equipe, e cada planilha tem cada um dos 53 jogadores de cada time. Para cada um deles, eu pesquiso a biografia, o que aconteceu com ele recentemente, as características psicológicas, técnicas... Além de fazer toda a pesquisa das estatísticas dos times como um todo.

Qual é a diferença do torcedor americano para o brasileiro?
A maior diferença que posso citar entre a torcida americana e a brasileira é que os fãs de futebol americano encaram aquilo como uma alternativa de lazer, como um espetáculo. Eles não estão indo lá porque são um fanáticos pelo time, eles torcem, eles gostam, mas se a equipe perde eles não vão ficar desesperado, não vão quebrar nada, não vão sair brigando. Isso gera uma coisa muito positiva que é a boa convivência dos torcedores no estádio. Lá, não tem divisão de torcida e elas, inclusive, sentam todas misturadas.

Como virou torcedor do New York Jets?
Eu acompanho futebol americano desde 95, e nunca tive um time. Até que em 98 eu falei, "eu tenho que torcer por alguém". Justamente nesse ano, o New York Jets deu uma virada espetacular. Ele vinha de duas temporadas horríveis, em 96 havia perdido 15 jogos e vencido 1. Em 97, foram 4 vitórias e 12 derrotas. Então, em 98, ganhou a sua divisão e chegou à final da conferência. Eu me identifiquei e passei a torcer por ele.

Em 2007, foi feito o primeiro jogo da NFL na Inglaterra. Quanto tempo você acha que leva até a América do Sul receber uma partida?
A recepção foi muito boa e eles tem feito jogos todos os anos lá, lotando os estádios. Essa é uma tendência. A NFL quer internacionalizar o futebol americano pelo mundo, mas acho que países como Alemanha, Japão e Austrália terão a preferência da Liga. O Brasil deve estar em sexto lugar, mais ou menos. Não é uma posição ruim, mas acho que em dez anos é possível um jogo da NFL no Maracanã ou no Morumbi.

É possível que um brasileiro chegue à NFL saindo de uma equipe brasileira?
Primeiro, para chegar à elite do futebol americano, você tem que estar envolvido com esse esporte desde o ensino fundamental. É muito difícil alguém que começou a jogar futebol americano depois dos 15, 16 anos de idade chegar até a Liga profissional, isso é quase impossível. Geralmente quem chega a Liga profissional começou com dez anos de idade nos times das escolas americanas, que dão uma tremenda importância para isso. Por isso, acho que para um brasileiro chegar à NFL ele precisa ir para os EUA, morar lá na adolescência, jogar futebol americano no College e aí quem sabe.

Mesmo se o jogador for muito bom?
É muito remota essa possibilidade, não só pela questão da falta de experiência ou de técnica, mas pela questão que os americanos não querem isso. Eles não querem pegar pessoas que não fizeram toda aquela cultura deles desde criança. Eles só abrem exceção no caso dos kickers e punters, porque eles podem até aproveitar jogadores de outros esportes. Então, acho que a única chance de um brasileiro chegar lá saindo de um time daqui é sendo kicker ou punter.

Matéria por Fábio Gomes e Gilberto Rodrigues.

Quer ficar por dentro do que rola no futebol americano no Brasil? Então siga o Play-action NFL no Twitter e curta nossa página no Facebook.

Nenhum comentário:

Postar um comentário