quarta-feira, 6 de abril de 2011

Quick pass #7 – Silvio Santos Jr., comentarista do BandSports


Continuando nossa cobertura do AFAB Coaching Season 2011, falamos também com S. S. Jr., comentarista do BandSports e um dos principais organizadores do evento. Ele contou como ajudou (e ajuda) no desenvolvimento do futebol americano pelo país, falou sobre a AFAB (Associação Brasileira de Futebol Americano) e fez duras críticas ao Torneio Touchdown, “Não posso concordar com uma Liga que tem um dono”.


Como você conheceu o esporte?
Eu entrei em contato com o esporte em 1995, assistindo aos jogos pela TV. Porém, meu primeiro contato com o futebol americano aqui no Brasil foi em 1999/2000, quando conheci a ABRAFA (Associação Brasileira de Futebol Americano e Flag), uma das primeiras associações do país, e comecei a jogar Flag. Desse pessoal, saíram várias lideranças da LBFA e formaram-se vários times. Esse grupo que começou divulgar mais o esporte aqui em São Paulo.

Havia muita competição nessa época?
A gente combinava os jogos em um fórum de discussão da ABRAFA e não havia uma competição propriamente dita. A gente chegava, formava os times e depois jogava. Com o tempo, as pessoas foram se juntando por afinidade ou por morar próximas uma das outras e nasceram algumas equipes. Apesar de ser uma brincadeira, foi ali que nasceu o embrião da Liga Paulista de Flag.

Como você entrou para o AFAB Coaching Season 2011?
Eu tenho um projeto de desenvolver um evento desses desde 2006. Na época, apresentei a ideia para o Paulo Mancha, que é meu grande amigo, e perguntei "O que você acha?". O Mancha, que é um cara mais pé no chão que eu, falou: "Isso é loucura, você não vai conseguir fazer isso sozinho". Então, engavetei o projeto. No final de 2009, conheci o Humberto graças ao Mancha. Por conta das palestras que o Paulo dá sobre a história do futebol americano, o Humberto entrou em contato com ele para mostrar o embrião do Coaching Season, e perguntou se ele poderia ajudar. Ele nos apresentou e entrei para o evento.

Qual foi a sua participação no evento?
Quando ele me apresentou a ideia, o AFAB Coaching Season 2011 já estava super encaminhado. Ele já tinha o conceito pronto, os contatos já estavam feitos, tudo relacionado ao mundo exterior já estava resolvido. Porém, ele não tinha nenhuma penetração no mundo do futebol americano no Brasil, nem a estrutura necessária para fazer isso por aqui. Essa foi a minha contribuição, trazer o evento para nossa realidade, ajudando ele conhecer os times, porque ainda é um emaranhado muito grande se você é um outsider, e também em termos de infraestrutura, buscando um espaço.

Quanto tempo para planejar o evento?
A gente está há um ano e meio trabalhando no evento e, a exceção da parte planejamento, eu tenho um dedo em tudo.

Qual a importância do AFAB Coaching Season 2011 para o Brasil?
Gigante. Esse é o primeiro evento que dois técnicos internacionais vêm ao Brasil. Isso é um marco. Tivemos apoio da mídia, TV's cobrindo, blogs... Para quem é fã de futebol americano isso é uma coisa sem precedentes e de uma importância gigantesca.

Existirão outros eventos?
Sem dúvidas. A gente já está até conversando com o representante da IFAF ideias preliminares para o Coaching Season do ano que vem. Estamos planejando fazer, também, eventos menores, com técnicos daqui mesmo.

Como o evento ajudou os participantes?
De diversas maneiras. A primeira, e a principal, é a mais óbvia: a experiência de dois técnicos super renomados nos EUA. A troca de conhecimento com os treinadores os jogadores daqui é sensacional. É completamente diferente ver um vídeo no YouTube do que ver um cara ao vivo, respondendo suas dúvidas. Acho que isso não tem preço.

É possível que a NFL faça um jogo no Brasil?
Possível é, mas eu não acredito muito. Basta você ver os estádios dos times de High Scholl dos dois coaches. São equipes com o estádio em excelente estado, perfeitamente cuidados, com arquibancadas novas... E são colégios! Eles têm uma super infraestrutura para os garotos. Olhando por esse aspecto, acho que só depois da Copa do Mundo de 2014, com novos estádios e com uma infraestrutura um pouco melhor. Antes disso, acho que é um sonho.

Você busca algum cargo na AFAB?
Eu não busco cargo político nenhum. Não é minha pretensão, embora seja algo que me atraia muito, está muito claro qual é a minha posição. Eu sou imprensa, eu sou mídia. Hoje, eu não posso tomar partido de nenhum clube. Por isso trabalho com todo mundo e sempre vou a todos os eventos que sou convidado. Se o futebol americano crescer, para mim, é o que interessa. Dou todo o apoio possível para quem estiver fazendo um bom projeto, para quem estiver fazendo um bom trabalho.

O que você acha do país ter duas Ligas? O que você pensa de uma união?
A união é necessária. Não me orgulho do que eu vou dizer agora, mas quando disse ao Jack (Reed, diretor de desenvolvimento da IFAF) que nós tínhamos duas Ligas ele riu e falou, "como assim?". É inaceitável com o volume de trabalho que a gente tem feito, com tudo que a gente já caminhou termos ainda um cenário desse. No entanto, existem vários interesses conflitantes.

Que tipo de conflitos?
Uma Liga, a meu ver, tem um modelo de gestão ideal. É um modelo democrático conduzido pelos dirigentes das equipes. Do outro lado, temos uma Liga com um modelo de gestão duvidoso, um modelo longe de ser o ideal, pois é uma Liga que tem um dono. Eu não posso concordar com uma Liga que tem um dono. Algumas equipes fazem todo o trabalho, se esforçam, põe dinheiro, fazem o espetáculo e quem colhe os louros é uma pessoa. Não posso concordar com isso. Então, no meu entendimento, as equipes têm tudo para se unir, mas o poder tem que ser delas. Elas que tem que determinar o que vai acontecer ou não, pois são elas que estão dando o sangue, literalmente, e o dinheiro.


Quer ficar por dentro do que rola no futebol americano no Brasil? Então siga o Play-action NFL no Twitter e curta nossa página no Facebook.

Nenhum comentário:

Postar um comentário