Pedro Bruno, de 28 anos, é um típico torcedor do Timão: sofredor. Mesmo não sendo forte,ou atlético, o empresário deixou tudo o que tinha em Roraima para tentar realizar o sonho de jogar futebol americano pelo seu clube de coração.
Fã de esportes, Pedro sempre jogou handebol em sua cidade natal, em Boa Vista. Ele tinha uma boa vida no norte. Iria ser pai, estava matriculado em uma Universidade Federal para conseguir seu sonhado diploma e tinha uma empresa de computadores que andava bem das pernas. Contudo, uma série de eventos o levaram a depressão.
- Em Roraima eu tinha uma empresa de computadores, mas ela foi roubada. Mesmo assim tentei me reerguer, mas uma chuva aconteceu e alagou tudo, perdi o que tinha. Há pouco tempo também, minha mulher abortou do meu filho, então estava complicado.
Sem nenhum motivo para continuar, ele só encontrou uma motivação para seguir: jogar futebol americano pelo Corinthians.
- Entrei no site e descobri essa peneira. Peguei um avião e vim logo para cá, trouxe tudo (disse apontando para uma pequena mala), minha intenção é ficar. Corinthians é inexplicável, é uma paixão muito grande.
Mesmo sem nunca ter jogado uma partida do esporte, Pedro foi com tudo para o tryout, como é chamada a peneira. Sob o sol das 11h ele e cerca de 40 pessoas começaram com um leve aquecimento, mas logo passaram para uma corrida em volta do campo.
Nesta hora já se via que ele não estava na sua melhor forma. Logo ele cansou, mas a todo tempo era incentivado pelos treinadores do Corinthians, que se identificaram com a viagem de Pedro.
- É sensacional ver uma coisa dessas, pessoas que vem de longe só para tentar jogar pelo Corinthians – afirmou Ricardo Trigo, coordenador e jogador do Corinthians.
Pouco depois, os candidatos foram divididos por posições, e o empresário fez teste para a linha de ataque, tendo que impedir que os adversários toquem o quarterback. Contudo, a falta de experiência ficou clara e ele não conseguia segurar os rivais.
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| Pedro Bruno, o primeiro de camisa preta, da esquerda para a direita. |
Apesar de tudo, ele persistiu até o final, mas no final não havia condições. Pedro não passou.
- Infelizmente não deu, tentamos ajudar, mas não teve como – afirmou o center Fernando Scuriza, que coordenou os treinos que Pedro participou.
Abatido, ele logo se dirigiu a saída de cabeça baixa e tentou explicar o que aconteceu.
- Faz tempo que não pratico nada, fiquei um ano parado. Esses remédios (disse mostrando anti-depressivos) acabaram me atrapalhando, eles que me fizeram ganhar peso. Mas vou tentar de novo, me ensinaram a não desistir, daqui a seis meses eu vi que terá outro e vou tentar mais uma vez. Ainda vou jogar futebol americano aqui.
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